Qual fome você tem sentido?
- Lorayne Clemente
- 16 de jul. de 2024
- 4 min de leitura
Comer é uma necessidade básica, mas grande parte das vezes comemos por razões que vão além da necessidade de nutrir nosso corpo.

A teoria dos 9 tipos de fome, criada pela referência em mindful eating (comer consciente) Jan Chozen Bays pode auxiliar no desenvolvimento de uma relação mais consciente e saudável com a comida. Conhecer melhor essas razões e entender como ela influencia no nosso comportamento, pode ajudar a ter uma relação mais saudável com a comida.
1. Fome dos olhos. A fome ocular é desencadeada pela aparência da comida. Cores vibrantes, apresentação bonita e alimentos atraentes visualmente podem nos fazer sentir fome. Sabe quando um prato te agrada muito visualmente, o comer com os olhos? Trata-se deste tipo de fome.
2. Fome de nariz. Essa fome é ativada pelo cheiro dos alimentos, de forma olfativa. O aroma de pão fresco ou de uma refeição sendo preparada pode despertar a vontade de comer. Outro exemplo comum é quando não estamos com fome, mas ao sentir o cheiro da comida sendo preparada, começamos a senti-la.
3. Fome de boca. A fome bucal refere-se ao desejo de sentir certas texturas e sabores na boca. Pode ser um desejo por algo crocante, cremoso ou doce. Por exemplo, aquela dificuldade em parar de comer uma pipoca bem crocante.
4. Fome de ouvido. A fome de ouvido é desencadeada pelos sons associados à comida. O som de alimentos sendo preparados, como o chiado de um bife na grelha ou o estouro de pipocas, pode despertar a vontade de comer.
5. Fome de tato. A fome de tato está relacionada à sensação física de segurar e tocar a comida. A textura dos alimentos nas mãos, como a maciez de um pão ou a crocância de uma maçã, pode aumentar o desejo de comer.
Para os 5 primeiros, relacionados aos 5 sentidos, as estratégias para lidar são de justamente utilizar destes sentidos para perceber e apreciar melhor o alimento, percebendo seu visual, sabor, textura, cheiro, focando em fazer a refeição com atenção plena, sem outros estímulos ou distrações como o celular e a TV. Além disso, avalie a real necessidade da refeição e quantidades, entendendo se trata-se de uma vontade de comer ou uma esquiva de algo que está gerando incomodo (fome emocional).
6. Fome de estômago. Essa é a fome física real, quando o estômago está vazio e dá sinais de que precisa de alimento. Alguns sinais comuns são o roncar do estomago, dor de cabeça, enjoo e uma fome que não é específica de algum alimento.
Sobre a fome de estômago, esteja atenta aos sinais de fome verdadeira do seu corpo, procurando compreender quais são os sintomas fisiológicos e emocionais. Atente-se também à alguns pontos que podem se confundir com a fome física, como a sede e o tempo desde a última refeição. Ainda assim, coma devagar e preste atenção em quando se sentir satisfeito, evitando comer em excesso.
7. Fome Celular A fome celular ocorre quando o corpo precisa de nutrientes específicos. Você pode sentir desejo por certos alimentos porque seu corpo está precisando de vitaminas, minerais ou outros nutrientes.
Sobre a fome celular, tente manter sempre uma dieta balanceada e variada para garantir que seu corpo receba todos os nutrientes necessários. Preste atenção em desejos específicos e considere se eles podem indicar uma necessidade nutricional.
8. Fome Mental Essa fome é influenciada por pensamentos e crenças sobre comida. Pode ser desencadeada por dietas restritivas, regras alimentares e crenças negativas sobre si mesma ou sobre sua relação com a comida. A fome mental está mais relacionada à fome emocional, com o pensamento de que deve comer todos os chocolates no final de semana, já que a partir de segunda não vai mais comer açúcar, ou que não vai comer nada durante o dia para que possa aproveitar mais em um evento à noite.
A fome mental, ou fome emocional, é a que geralmente mais nos causa desconforto emocional, já que muitas vezes gera posteriormente culpa ou pensamentos negativos sobre si mesma. Tente fazer o exercício de perceber quais situações desencadeiam essa relação com a comida, quais pensamentos e crenças você possui sobre isso e treine habilidades que te ajudarão a estar mais consciente dos seus comportamentos. Uma estratégia que pode auxiliar é o diário alimentar, onde o registro do contexto e das refeições, além das emoções, facilitam a analisar melhor sua relação com a comida.
9. Fome do Coração Essa fome é sobre o desejo de amor, conforto e conexão. Muitas vezes buscamos comida para preencher um vazio emocional. Trata-se de uma comida afetiva. Eu, por exemplo, sempre tenho vontade de comer a polentinha que minha mãe preparava quando estou passando mal.
Quanto à fome do coração, cultive relações saudáveis e encontre outras fontes de conforto e prazer que não envolvam apenas a comida, assim você pode usar o conforto do alimento, mas também terá repertório para lidar com situações difíceis de outras formas.
Por fim, que tal refletir sobre em quais situações você sentiu cada tipo de fome nos últimos dias? De que forma você lidou com elas? Onde e com quem você estava?
Lembre-se, a comida é algo que vai além do se alimentar e utilizar vez ou outra ela como ferramenta não é um problema. No entanto, ter consciência disso te ajuda a não restringir alimentos e refeições, mas sim ser mais atenta às suas necessidades reais e fazer escolhas que te aproximem da pessoa que você quer ser!
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